Reforma incentiva contratação de planos previdenciários desde cedo

Segundo dados da Susep, em 2017, os planos de acumulação tiveram crescimento de 3,6%, sendo R$ 105 bilhões no acumulado anual

A reforma da previdência, suspensa até que a intervenção federal na segurança do Rio acabe, se aprovada, pode influenciar no modo como o brasileiro investe em seu futuro. O relator do projeto na Câmara, o deputado federal Arthur Maia (PPS-BA), disse nesta segunda-feira (12), em evento sobre o tema promovido pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV) no Rio, que o próxima proposta de alteração na aposentadoria será ainda mais dura do que a atual.

A previdência privada, sobretudo a infantil, é um produto de acúmulo de recursos pensados a longo prazo. Um plano pode ser utilizado para a aposentadoria e para a diversificação de portfólio de investimentos. Além disso, o investimento também pode servir de apoio para outros projetos de vida. Pagar a faculdade dos filhos, comprar um carro ou uma casa são algumas das utilidades do fundo.

Para contratar um plano previdenciário, o responsável financeiro deve optar por uma das modalidades do produto. O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é indicado para quem faz a declaração anual de imposto de renda no modelo completo. Este plano permite a dedução das contribuições da base de cálculo do imposto de renda, até o limite de 12% da renda bruta anual. Já o produto VGBL (Vida Gerador Benefício Livre) é indicado para as pessoas que fazem a declaração no modelo simplificado. Ou seja, pessoas que são isentas do pagamento de imposto ou já usufruem da dedução fiscal de 12% em outros planos complementares (individuais ou empresariais). Nessa modalidade, no momento do resgate, a tributação será apenas sobre os rendimentos.

Com a incerteza a respeito da previdência social, planos privados tornam-se opção para o grande público. “A reforma deixou as pessoas inseguras. Antes, elas tinham uma certeza que podiam contar com o INSS. Agora, com a insegurança e instabilidade, vão se precaver mais”, declara David Martins, superintendente da Mongeral Aegon, em Fortaleza.

Segundo dados da Susep, em 2017, os planos de acumulação tiveram crescimento de 3,6%, sendo R$ 105 bilhões no acumulado anual, com VGBL crescendo 2,9% e PGBL, 12,7%. Apenas no primeiro semestre, segundo dados da FenaPrevi, os planos de previdência para menores receberam aporte total de R$ 921,45 milhões.

“Sabemos que acumular recursos a longo prazo ainda é um desafio no Brasil, por isso, investimos continuamente em iniciativas de formação de cultura previdenciária a fim de aumentar o conhecimento das pessoas sobre a importância de guardar dinheiro para o futuro e, em paralelo, mostrar os benefícios do plano”, destaca Soraia Fidalgo, superintendente de Gestão de Clientes da Brasilprev.

A superintendente fala ainda sobre o público que busca esse tipo de investimento. “Em pesquisas, vemos que existe uma valorização muito forte ao subsídio de projetos educacionais. E analisamos que os objetivos mudam de acordo com o estrato social. As classes A e B enxergam, nestes planos, um meio para viabilizar um intercâmbio ou uma especialização fora do País. Já as classes C e D almejam projetos como a primeira faculdade e um curso profissionalizante”, diz.

Peso da reforma

A legislação determina que, em função da intervenção federal na segurança pública do estado fluminense, o Congresso não pode alterar a Constituição, como é o caso da reforma previdenciária. A participação militar está decretada para ocorrer até dia 31 de dezembro de 2018, caso seja revogada, o debate a respeito da reforma volta.

Segundo Martins, a reforma funcionou como um sinal de alerta para a população. “Com essa movimentação de mercado, teremos muito mais pessoas investindo. De alguns anos pra cá, temos um maior impacto. A receptividade que temos para conversar sobre esse assunto é muito maior. As pessoas não querem mais depender só de poupança”, ressalta.

Autor: Revista Apólice