Seguro de automóvel ficou até 31% mais caro este ano, no Rio

A renovação do seguro de carro se transformou em pesadelo para muitos motoristas do Rio. O valor das apólices subiu até 31% nos quatro primeiros meses de 2018, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo pesquisa da Compara Online, consultoria de comparação de seguros e produtos financeiros. Considerando o preço médio, a alta na cidade foi de 11%, de R$ 1.920 em 2017, para R$ 2.131 em 2018, enquanto a média nacional manteve estabilidade de preços durante o mesmo período, ficando em R$1.839,32.

Os bairros que sofreram alta acima da média foram Pechincha (31%), Penha (27%), Vila Isabel (26%), Taquara (23%) e Freguesia (16%). Outros bairros nobres como Copacabana, Tijuca, Barra e Recreio renovaram com valores acima do ano passado, entre 9 e 14%. O aumento da violência é apontado como principal fator para a disparada nos preços.

De acordo Paulo Marchetti, presidente do Compara Online, o crescimento constante no valor dos seguros se deve ao fato de a capital carioca ter mais sinistros que ocasionam a perda total do veículo, além de ser a cidade com maior dificuldade para recuperar os carros roubados.

— Muitas vezes o veículo roubado até é localizado, mas ninguém consegue buscar. Por causa desse aumento da violência, algumas seguradoras deixaram de ofertar produtos para determinadas localidades do Rio. Isso reduz a competitividade, especialmente em bairros mais propensos a roubos.

O administrador Anderson da Silva, de 35 anos, foi obrigado a se desfazer do carro por causa do seguro.

— Comprei o carro em 2014 e pagava cerca de R$ 1,5 mil anuais. A insegurança foi aumentando e, com ela, o preço.

Eu tive que escolher entre andar de carro ou pagar o seguro. Em 2016, o valor chegou a R$ 3 mil e ficou muito alto para eu bancar. Decidi não renovar a apólice e fiquei sem seguro até o ano passado, quando decidi me desfazer do veículo.

Seguradoras deixam a Baixada

Em março, o roubo de veículos no Estado do Rio bateu recorde histórico do mês, com o registro de 5.358 casos, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). A alta é de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram 15.436 casos, muitos deles concentrados em municípios da Baixada Fluminense. De acordo com a pesquisa da consultoria Compara Online, os preços dos seguros de carro subiram 31% em Duque de Caxias e 27% em Nova Iguaçu.

Em Caxias, no último ano, em média seis seguradoras ofereciam uma proposta para o segurado, com preço médio de R$ 6.627. Já em 2018, só quatro seguradoras geralmente retornaram com ofertas, a um preço médio de R$8.398. Em Nova Iguaçu, em 2017, o valor médio foi de R$6.377 contra R$8.355 neste ano.

— As companhias de seguro fazem a precificação de acordo com seus resultados, e a experiência que elas têm em cada local. Se o número de sinistros foi muito alto, elas vão precificar esse risco. Vários fatores influenciam no valor do seguro, mas hoje no Rio o Cep é o mais decisivo — ressalta José Varanda, coordenador da graduação Tecnólogo em Gestão de Seguros da Escola Nacional de Seguros.

Depoimento: ‘Contratar cooperativa pode ser um risco’, afirma João Francisco Borges, Presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais

“Ao contrário do seguro, a proteção veicular (com cooperativas) não está enquadrada no Código de Defesa do Consumidor. As cooperativas não mantêm reservas técnicas e muitas vezes ficam sem recursos para arcar com as suas responsabilidades. Ou seja, o barato pode sair muito caro. É preciso desconfiar de preços muito baixos, pois não há milagres que possam diminuir tanto os custos”.

Autor: Revista Cobertura